segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Shusterman: Dewey's Aesthetics and Beyond

John Dewey's aesthetics and beyond
(Trecho do depoimento de Richard Shusterman)

Pragmatist aesthetics began with John Dewey and almost ended there. Dewey celebrated aesthetic experience, making it the very center of his philosophy of art. His goal was to break the stifling hold of what he called "the museum conception of art," which compartmentalizes the objects of "high art" from real life. For Dewey, the essence and value of art are not in such artifacts per se but in the dynamic and developing experiential activity through which they are created and perceived. By rethinking art in terms of aesthetic experience, Dewey hoped we could radically enlarge and democratize the domain of art and integrate it more fully into the real world.
Dewey's influence in American aesthetics was significant but very short-lived; it was submerged already in the 1950s by the rising current of analytic aesthetics. To help revive pragmatist aesthetics for contemporary culture, I have tried to deal with two problems in John Dewey: first, his conservative taste, which even in 1934 did not really extend to modern art that was later than early post-Impressionism; and second, his oftentimes problematic theory of art as experience.
Dewey vaguely gestures toward a revalidation of popular art, complaining that popular arts were not thought of as art because they obtained no literary attention. Yet he himself fails to give popular art more than the most fleeting mention. While his text does contain aesthetic analysis, with illustrations of works of high art and of non-Western folk art, there is no real discussion of contemporary popular arts.
Moreover, Dewey's passing references to movies, jazz and comics ends by associating them with "the cheap and the vulgar to which the frustrated aesthetic hunger of the masses is directed." Without concentrated aesthetic attention to the popular arts, how can they escape their image as cheap and vulgar? And why does Dewey not provide this attention when they need it far more than high and folk art, which have already achieved aesthetic recognition?
Dewey's likely answer here would be to appeal to his theory of art as experience--powerful transformative experience. If art is defined as such experience, then simply experiencing that experience could establish an object of popular culture as a work of art. But how can aesthetic experience claim so much?


Since Dewey defines aesthetic experience in terms of immediate, nondiscursive quality, it remains essentially mute, no matter how powerful its impact. It therefore cannot, in itself, provide adequate legitimation for critical judgments. For legitimation is social and justificatory, and thus requires discursive means of consensus formation. In short, art criticism is needed not simply to sharpen perception for experience but also to provide the social preconditions and practices necessary for proper aesthetic appreciation.
This points to the second difficulty in Dewey's aesthetics: his global revisionary definition of art as experience is extremely problematic and thus tended to discredit his whole aesthetic theory in the eyes of analytically trained philosophers. Much art, particularly bad art, fails to engender Deweyan aesthetic experience, which, on the other hand, often arises outside art's institutional limits. Moreover, though the concept of art can be somewhat reshaped, it cannot be convincingly redefined in such a global way so as to be made coextensive with aesthetic experience. No matter how powerful and universal is the aesthetic experience of sunsets, we are hardly going to reclassify them as works of art.
There are other reasons that analytic philosophy tended to be extremely critical of Dewey's concept of aesthetic experience, often eschewing its use and condemning it as a chimera. While Dewey defines art as an aesthetic experience, he also defines that experience as indefinable and ineffable through its immediate, nondiscursive quality. Moreover, he seems to treat art too much as a universal ahistorical essence rather than highlighting its inevitable historical inflections and cultural structurings.
However, the claim that aesthetic experience must involve more than phenomenological immediacy and vivid feeling does not entail that such immediate feeling is not crucial to aesthetic experience. Likewise, the claim that aesthetic experience requires cultural mediation does not entail that its content cannot be experienced as immediate. Much of my current work in pragmatism is to defend both the concept of aesthetic experience and the concept of experience in general by making a case for the presence and value of the nondiscursive dimensions of art, life and experience.
Pragmatist aesthetics not only seeks a greater and more embodied appreciation of art's diverse forms but also enhances our experience of life. So in my latest work, Performing Live, my aesthetic explorations range from rap and country music to techno, cyberspace and urban flânerie, culminating in my theory of somaesthetics, which shows how the rich palette of contemporary body disciplines can best be mobilized for our improved fitness, awareness and quality of life.

sábado, 31 de julho de 2010

Poética Pragmática - primeiro toque.

José Crisóstomo de Souza

Em termos de correntes filosóficas, são referências para a Poética Pragmática o pós-hegelianismo e o pragmatismo, representantes seus como Stirner, Feuerbach e Marx, Dewey e James, Habermas e Rorty, e eventualmente outros autores postos em diálogo com essa dupla referência. São ambas vertentes de pensamento que convergem no afastamento da pretensão de atemporalidade para a filosofia, por assumirem a Modernidade como seu contexto e por fazerem dela própria objeto de sua consideração. São correntes que expressam uma demanda de concretude e Diesseitigkeit (citerioridade), procurando assumir o humano finito e prático, em seu caráter sensível, como referência para a crítica do racionalismo abstrato e para seus próprios posicionamentos positivos. Pedra de toque da Poética Pragmática é a centralidade atribuída à noção de prática como poiésis, como produção e criação, de alcance material, ético, estético, pessoal e político. São também elementos dessa perspectiva prática tanto um viés "crítico", como um viés "construtivo", comprometido com a ideia de democracia como forma de vida, seja pelo lado do "destino comum" dos homens, seja pelo do auto-cultivo e auto-criação pessoais. Podem ser considerados textos-marcos, programáticos, dessas preocupações, criticamente tomados, as "Teses ad Feuerbach", de Marx, como plataforma pragmatista aberta, O Discurso Filosófico da Modernidade, de Habermas, como crítica da razão centrada no sujeito, e os posicionamentos neo-pragmatistas, de alcance deflacionista e matiz nietzschiano, de Richard Rorty. E ainda, num outro plano, os posicionamentos de Porchat e Tugendhat, e meus própios, na linha de uma "filosofia civil", no A Filosofia entre Nós. Um apresentação condensada de minha abordagem dessas referências está nas páginns da homepage www.jcrisostomodesouza.ufba.br.

Nietzsche como Hiperbólico Jovem Hegeliano - resumo

José Crisóstomo de Souza

Nietzsche, pensador tipicamente confinado nos horizontes do pensamento alemão do século XIX, emoldura seu romantismo aristocrático-heróico, raivosamente anti-moderno, com uma narrativa histórico-dialética exemplarmente hegeliana - mais especificamente, jovem hegeliana – a seu serviço. Aparentemente é a ela, junto com seu delirante biologismo romântico-vitalista, também típico do século XIX, que ele recorre para autorizar o caráter radicalíssimo, inflado, retumbante, ultra-epocal, que deseja atribuir aos seus insights (alguns muito interessantes); para coroar-se como o Anti-Cristo lui-même, o Primeiro Imoralista, o incontrastado “Bad Boy” da filosofia ocidental - perfil de que, entretanto, dedicados comentadores apologéticos querem inadvertidamente privá-lo. É aparentemente sua narrativa histórica teológico-apocalíptica que sustenta o tom normativo irado de sua filosofia abertamente racista-escravocrata, junto com as empobrecedoras distinções binárias que marcam o conjunto de seu pensamento. É com a ajuda daquela narrativa (e de um ‘cientificismo’ risível) que Nietzsche deforma metafísica e teologicamente a oportunidade de renovação que se oferece ao pensamento europeu depois do colapso da metafísica e da teologia; oportunidade cuja realização havia-se esboçado precursoramente em perfis mais desinflados, de autores como Rabelais, Voltaire e La Rochefoucauld (para tomar ao pé da letra seu cumprimento aos franceses), além de em jovens hegelianos menos exaltados do que ele. O que marca mais do que jovem-hegelianamente sua narrativa histórica fundacionista é essencialmente a idéia de um “Erro” epocal inicial (o Ideal Ascético), caracterizado como Grande Inversão/Negação (da “Vida”), confrontado então por sua Crítica Absoluta, esta como uma igualmente epocal Negação da Negação, ou Inversão da Inversão. E é também, antes dessa Ausgang, o desenvolvimento do “Grande Mal”, num percurso lógico-dialético, imanente, necessário, tomado como uma escalada, que desemboca então naquilo que já se encontrava desde sempre, “em germe”, na própria Crença original: seu aparente contrário, o Niilismo, agora explícito. A marca jovem-hegeliana de Nietzsche está ainda na idéia do seu próprio tempo (a Modernidade do séc. XIX) como de agudização do Ascetismo e precipitação do Niilismo (enganosamente disfarçadas de superação), na direção de uma Crise/Hecatombe sem precedentes sobre a Terra, um Juízo Final como véspera do “Reino” dos valores transvalorizados. Embora referida a outra figura que não exatamente a do sujeito clássico, até mesmo a tópica, recorrente no jovem hegelianismo, da alienação/hipostasiação de uma criação dos homens (no caso, os valores), e da sucessiva reapropriação, por eles, de sua autoria (com conseqüências hiper-revolucionárias), encontra em Nietzsche uma de suas características versões. A sua é, então, mais uma “filosofia do futuro”, antecipado como passado; é um pensamento aparentemente em maus termos com o devir e com a finitude. Que coloca a si mesmo e ao seu tempo, alas, como um absoluto e especialíssimo divisor de águas da “História”, e põe a própria existência finita, individual, de Nietzsche, como “Destino”, como destino histórico-universal, sobre-humano, gargalo de uma ampulheta pela qual devem obrigatoriamente passar as vastas areias do tempo. A inversão, a inversão da inversão, a lógica determinante do desenvolvimento histórico por vir, permitem a Nietzsche, mais do que hegelianamente, como weltregierender Geist, adivinhar o futuro e narrá-lo como passado (!), dominado pelo movimento dialético da Potência Objetiva da História. Hegel e seu Espírito Absoluto não pretenderam tanto.

Abertura Teste

APRESENTAÇÃO:

1) Este blog vai incluir alguns textos breves, RESUMOS, coisas que complementam as chamadas "jornalísticas" da minha homepage, sobre outras obras, autores e temas, e que indicam o desenvolvimento de meus novos trabalhos e posições.

2) E vai incluir também outros textos breves, ANOTAÇÕES, onde apresento alguns aspectos do que ando esboçando como POÉTICA PRAGMÁTICA.